A questão posta faz uma alusão à famosa frase de Henry Ford: "Se eu perguntasse às pessoas o que elas queriam, elas teriam dito cavalos mais rápidos.".
A afirmação sugere que nem sempre os clientes/usuários sabem o que é melhor pra eles, e provavelmente por isso que Steve Jobs era "contra" as pesquisas de mercado (leia sobre a controvérsia em torno da frase
aqui).
Bom, mas voltando ao Openstack, a alusão à frase de Henry Ford se deve ao fato de que, de acordo com informações do CAM, os principais pedidos de melhorias no Openstack estão relacionados à implementação de funcionalidades comuns há algum tempo nas soluções proprietárias, em especial a VMware, como o vMotion e o High Availability. Isso sugere que os clientes querem mais um "VMware mais barato" do que uma solução inovadora.
A questão colocada é se este é realmente o caminho, ou se os desenvolvedores do Openstack deveriam fazer como Ford e Jobs, ignorar os pedidos dos clientes e investir em algo diferente, novo.
E é aí que chegamos à figura lá do início. A análise do tipo de funcionalidade que faz sentido oferecer nos tempos atuais passa pela identificação dos perfis de aplicação que o IDC classifica, em tradução livre minha, como 1ª, 2ª e 3ª geração.
O que temos hoje, segundo o artigo, é a realidade composta pela proliferação de plataformas como o Openstack e Amazon Web Services, voltados para aplicações de 3ª geração, ainda que entre 80 e 90% das aplicações corporativas sejam de 2ª geração.
Daí a discussão sobre o rumo que o Openstack deve tomar.
Desenvolver funcionalidades "estilo VMware" seria caminhar na direção do cavalo mais rápido, sendo defendido pelos mais pragmáticos, sob o argumento de que este seria o caminho para evitar que as empresas adotem outras soluções, que certamente irão amadurecer com o tempo, o que faria com que estas empresas nunca enxerguem a necessidade de migrar para o Openstack.
Ignorar as demandas dos clientes seria caminhar na direção de Jobs e Ford, focando em inovação, em preparar o Openstack pra atender melhor as aplicações de 3ª geração, aguardando que os clientes enxerguem a necessidade inevitável de migrar.
A solução defendida pelo Kenneth, entretanto, é o que ele chamou de "abordagem bimodalidade", que consiste em criar uma arquitetura que permita atender aos dois tipos de necessidade, numa infraestrutura comum porém com isolamento entre os mundos distintos representados por uma "zona de legado" (que acomodaria aplicações de 2ª geração) e uma "zona de nova geração", baseada em hypervisors de código aberto e com foco em aplicações de 3ª geração.
Curiosamente, uma das novidades lançadas no VMworld 2014 foi justamente uma integração maior entre Openstack e VMware, chamada de VMware Integrated Openstack (VIO) que permite utilizar o VMware vSphere como hypervisor gerenciado pelo Openstack.
Interessante observar o desenrolar dessa história.