Como já informamos anteriormente, o vSphere 5 chegou com uma série de novidades. Uma delas, da qual não havia lido nada a respeito até ontem, diz respeito à nova forma de licenciamento, e deve trazer descontentamento a alguns clientes. Talvez muitos!
A mudança
O novo esquema de licenciamento mantém a cobrança de acordo com a quantidade de sockets/processadores, mas inclui uma limitação na utilização da memória, que pode variar entre 24, 32 ou 48 GB conforme a licença (Standard, Enterprise ou Enterprise Plus).
O porquê da mudança
Eu entendo a necessidade de uma mudança para manter a lucratividade e competitividade da solução, uma vez que, com o barateamento do hardware e o acréscimo de um número cada vez maior de núcleos, é fácil imaginar que os clientes necessitariam de um número cada vez menor de licenças, limitado a 2 por questões de recuperação e alta disponibilidade.
Ou seja, bastaria comprar uma licença para ter direito de usar aquele servidor com um processador com 12 núcleos e 128 GB de RAM, por exemplo, alocando facilmente 10, 20 ou até mais máquinas virtuais num único hardware. Uma segunda licença seria importante para garantir que um segundo servidor estivesse disponível em caso de falha, ou para distribuir e equilibrar a carga. Com o novo licenciamento, para ter estes mesmos 2 servidores seria necessário adquirir 10 licenças Standard, ou 6 licenças Enterprise Plus, um acréscimo de no mínimo 150% nos custos de licenciamento.
É por isso que não entendo, ou melhor, não concordo com o efeito que a mudança causa nos clientes atuais, especialmente aqueles que estão com suas licenças recém adquiridas, e com garantia de upgrade, aliás uma garantia que não está sendo honrada por conta da mudança, já que a nova licença implica restrições no uso de memória ou custos adicionais para clientes que possuam recursos além dos limites mencionados anteriormente, como pudemos ver no exemplo.
Assim, acredito que a VMware acaba de criar uma excelente oportunidade para a concorrência, que pode "investir pesado" aproveitando a insatisfação dos clientes que se sentirem lesados pela medida. Felizmente, no caso da instituição em que trabalho, e de muitos outros clientes, acredito, os limites de memória impostos não representam uma restrição significativa.
Afinal, o que a mudança significa na prática ?
Vamos analisar um trecho do documento de licenciamento da VMware:
vRAM Entitlement
We have introduced vRAM, a transferable, virtualization-based entitlement to offer customers the greatest flexibility for vSphere configuration and usage. vRAM is defined as the virtual memory configured to virtual machines. When a virtual machine is created, it is configured with a certain amount of virtual memory (vRAM) available to the virtual machine. Depending on the edition, each vSphere 5.0-CPU license provides a certain vRAM capacity entitlement. When the virtual machine is powered on, the vRAM configured for that virtual machine counts against the total vRAM entitled to the user. There are no restrictions on how vRAM capacity can be distributed among virtual machines: a customer can configure many small virtual machines or one large virtual machine. The entitled vRAM is a fungible resource configured to meet customer workload requirements.
Pooled vRAM Capacity
An important feature of the new licensing model is the concept of pooling the vRAM capacity entitlements for all processor licenses. The vRAM entitlements of vSphere CPU licenses are pooled—that is, aggregated—across all CPU licenses managed by a VMware vCenter instance (or multiple linked VMware vCenter instances) to form a total available vRAM capacity (pooled vRAM capacity). If workloads on one server are not using their full vRAM entitlement, the excess capacity can be used by other virtual machines within the VMware vCenter instance. At any given point in time, the vRAM capacity consumed by all powered-on virtual machines within a pool must be equal or lower than the pooled vRAM capacity.
Aqui precisamos considerar algumas questões importantes, a partir dos trechos em destaque:
- No primeiro trecho, a VMware indica que a memória configurada para uma máquina virtual conta para efeito de limitação;
- Entretanto, a restrição só é válida a partir do momento em que a máquina virtual é ligada. Isto permite a flexibilidade de ter um conjunto de máquinas virtuais cujos recursos combinados ultrapassem os limites, desde que todas as máquinas não sejam ligadas simultaneamente;
- No segundo trecho, a VMware indica que a limitação vale para o Pool, ou seja, para o conjunto de licenças, o que permite, por exemplo, ter hosts com diferentes capacidades de memória, e aproveitar a memória "sobrando" de um para compensar a "falta" no outro. Isto tem uma implicação importante na preservação dos investimentos dos clientes, pois os servidores já adquiridos com quantidade de memória inferior ao limite da licença podem ser "compensados" com a aquisição de novos servidores com maior quantidade de memória;
- Por fim, a VMware indica que o total de memória RAM consumida pelas máquinas virtuais deve ser menor ou igual ao limite da licença, o que conflita com a afirmação anterior, na medida em que consumida é diferente de configurada, especialmente se considerarmos os recursos de overcommitment da solução, que permitem compartilhar memória entre máquinas virtuais e utilizar menos recursos do que o configurado. Fica, portanto, a dúvida: vale a memória consumida ou configurada ?
Conclusão
Evidentemente, a medida tomada pela VMware deve desagradar bastante gente, mas isso é o mercado, e já vimos muitas outras empresas tomarem medidas semelhantes (não é, Microsoft ?) e causar o mesmo tipo de reação antes. Faz parte.
O que os clientes da VMware querem é entender claramente como a mudança impacta no seu ambiente, para se preparar adequadamente para o upgrade, ou avaliar a possibilidade de migrar para outra solução do mercado, conforme o caso.
Quero deixar aqui uma dica que acredito possa ser útil a quem pretender usar a nova versão da suite vSphere. Quando for adquirir servidores para virtualizar, faça a seguinte continha, bem simples: para cada processador, associe 24, 32 ou 48 GB de RAM, conforme a licença que possua ou pretenda comprar. Desta forma você garante que vai poder utilizar todos os recursos do equipamento. É claro que podem haver exceções, caso queira preservar os servidores atuais, por exemplo, ou expandir o ambiente em crescimento, mas esta lógica, acredito, é a forma mais simples de não errar ao licenciar a nova versão do VMware.
Estou à disposição caso queiram usar os comentários para opinar ou tirar dúvidas sobre o assunto.
Siga-nos no Twitter! ou Buzz
Receba os textos via e-mail ou RSS!
Confira outros textos sobre o tema!
Olá Blog Tecnológico,
ResponderExcluirEu sou fã da VMware. Não conheço bem as soluções da Citrix e da Microsoft, mas já li bastante a respeito, e do que li, oferecem bem menos recursos. Assim, penso que, se você tem dinheiro pra investir, deve adquirir a solução VMware. O custo não é elevado quando se leva em conta os benefícios e recursos da solução. Leia nosso texto sobre overcommit, por exemplo.
Gostei da forma como trata a questão, deixe-me tentar entender? Posso? Por exemplo, tenho um servidor com 2 processadores six-core e 128gb de RAM, pelo que entendi eu posso ter até 32gb por processador, certo? Desta forma eu poderia ter até 6 máquinas virtuais desde que não ultrapasse os 128gbs de Ram? Então, seguindo este raciocínio posso utilizar a versão Essentials Plus, certo? Ou errado? Obrigado.
ResponderExcluir